Um crescimento sustentável é pautado em educação.

Um crescimento sustentável é pautado em educação.

Todo crescimento econômico não é sustentável se não for pautado pela educação. Se um país deseja crescer de forma sustentável deve alicerçar este crescimento na educação.

O PIB brasileiro em 2011 foi de 4,14 trilhões de reais com um crescimento de 2,7% em relação ao ano anterior. 4,3% deste crescimento é resultado de uma maior arrecadação de impostos e 2,5% representa valor adicionado. O crescimento do comércio foi de 6,7% enquanto o da indústria apenas 1,6%.

Um crescimento apenas pautado no comércio não é sustentável, a indústria precisa se desenvolver com a mesma velocidade. Um crescimento significativamente maior do comércio em comparação com a indústria indica que importamos muito e isto não é favorável à nossa balança comercial. Em 2011 tivemos superávit, mais exportamos do que importamos. Isto é favorável, mas quando olhamos o que exportamos (minério de ferro, soja, petróleo) em comparação com o que importamos (tecnologia) percebemos que nosso superávit não é sustentável, pois é alcançado apenas com a venda commodities. E quando elas acabarem o que faremos? Petróleo e minério de ferro são matérias-primas pobres, sem valor agregado, e o que gera resultado sustentável é a agregação de valor ao produto, algo somente conseguido com educação.

Exportamos a laranja e compramos o doce de laranja. Foi adicionado valor a laranja criando-se o doce. Este é apenas um exemplo simples, mas quando pensamos em tecnologia a agregação de valor é enorme.

O ministro da educação, o Sr. Mercadante, afirmou há alguns dias ser impossível destinar 10% do PIB para a educação, que não haveria dinheiro para investimentos em outras importantes áreas. Eu concordo com ele, da forma que a máquina pública está estruturada, cheia de políticas duvidosas e com políticos governando hoje pensando em se reelegerem na próxima eleição não dá mesmo. Não sei se você sabe, mas o número de vereadores aumentará em todo o Brasil em mais de 5 mil em 2013. Teremos ao total mais de 64 mil vereadores. Na cidade onde moro passaremos de 13 para 21. Ainda temos 81 senadores, 3 por estado, incluindo o Distrito Federal, e mais 513 Deputados Federais. Que tal reduzir tudo a 1/3, aí terá dinheiro para investir em educação.

Por que nenhum deputado ou senador sugere um projeto de lei estabelecendo como teto do funcionalismo público o salário de um professor doutor em dedicação exclusiva de uma universidade pública?

Por que não se estabelece que todo governante não pode ser reeleito e nem um candidato de seu partido? Assim ele governaria para o país e não para se reeleger ou o seu sucessor dentro do partido.

Por que não atrelar o salário de deputados e senadores ao salário mínimo, algo entre 10 e 20 salários? Isto sem direito a verbas adicionais e dezenas de assessores. Dois assessores e uma secretária são suficientes.

Com investimentos em educação, saneamento básico e em infraestrutura se consegue uma melhora por tabela em saúde e segurança. Isto é fato.

Também com a melhora da infraestrutura reduzimos o custo Brasil, barateamos nossos produtos e ganhamos em competitividade. O cambio passa a ser consequência e não a causa como muitos avaliam hoje. Com educação e uma infraestrutura adequada o valor do dólar seria pouco importante, seríamos competitivos por natureza e não precisaríamos de intervenção do governo para controlar a moeda.

Hoje temos em reservas algo próximo de 300 bilhões de dólares. Este dinheiro o Banco Central usa basicamente para manter o dólar dentro dos patamares que ele julga favoráveis ao Brasil. Professores e Técnico Administrativos das Universidades Federais estão em greve há dois meses e uma reforma satisfatória de aumento e valorização dos servidores ligados a educação representaria um gasto anual de não mais que 5 bilhões de reais. Acredito valer o investimento.

A capitação primária do Tesouro Direto serve apenas para arrecadar dinheiro para o BNDES, e este por sua vez é usado para salvar empresas. É o banco das empresas. O Brasil aumenta sua dívida interna para sustentar empresas, pois se elas quebrarem o caos é grande. Somos reféns delas. Ainda poderia falar da alavancagem financeira dos bancos que colocam dinheiro artificial na economia e assim geram inflação, mas isto é assunto para um texto só. A solução para empresas serem competitivas estaria em pesados investimentos em educação e a realização das reformas tributária, fiscal e trabalhista. Em 2013 entra em vigor a medida 721 aprovada no Senado que determina uma alíquota de 4% do ICMS na comercialização entre os Estados e sobre os produtos importados. Em teoria a medida acaba com a chamada guerra dos portos onde um Estado devolve o ICMS a empresa importadora. Mas esta não deixa de ser mais uma mudança pontual quando na verdade se faz necessário uma reengenharia.

Conclusão

É possível sim investimento pesado em educação, basta para isto vontade política. O crescimento de um país não é sustentável sem educação formal. As reformas tributária, fiscal e trabalhista são necessárias, pois é impossível sustentar um crescimento com medidas de redução de imposto de alguns produtos. Afinal hoje compramos carro, geladeira e fogão, mas estes são produtos que não são comprados sempre, são bens duráveis. Fora o endividamento das famílias que já representa 50% do PIB. Eu sei que países desenvolvidos possuem endividamentos muito maiores, mas lembre-se que eles possuem juro praticamente zero na renda fixa, o que não é o caso do Brasil.

Precisamos repensar o Brasil e conscientizar a todos que educar-se é o primeiro passo.

Boa semana!