Políticas governamentais para conter a inflação ao longo dos anos
Para concluir essa pequena série sobre inflação, falo hoje sobre a evolução histórica inflacionário no Brasil e as políticas governamentais usadas para conter a inflação.
Diversos fatores contribuíram para o crescimento inflacionário em nosso país. Um consenso entre os estudiosos é que o déficit no orçamento do setor público foi fator preponderante. O governo sempre gastou mais do que arrecadou, sendo obrigado a emitir moeda, endividar-se cada vez mais e inflacionar o país.
A emissão de moeda aumenta o número de dinheiro circulando na economia, juntando isso ao fator elevação dos custos, como tratei no texto de ontem, traz um efeito inflacionário gigantesco.
Só para citar um exemplo de como a elevação dos custos gera inflação, lembro da crise do petróleo no final de 1973. O preço do barril quadriplicou e como petróleo é matéria prima para a produção de energia, e todo setor econômico usa energia, sendo afetado de forma direta ou indiretamente pelo aumento do preço, o efeito inflacionário foi grande. Esse foi um fator que elevou a inflação em diversos países do mundo e não só no Brasil.
Planos para estabilidade econômica no Brasil
Em 1986 surgiu o Plano Cruzado. Congelou preços e salários, mudou-se o nome da moeda de cruzeiro para cruzado e retirou três zeros do valor nominal, 1000 cruzeiros passou a valer 1 cruzado. O efeito foi imediato na economia, nos primeiro meses chegou a haver deflação, porém o setor público não limitou seus gastos, passou a gastar mais e a inflação voltou a ganhar força ainda em 1986.
No ano seguinte surgiu o Plano Bresser, também congelou preços e salários. Naufragou pelo mesmo motivo do anterior.
Em 1989 conhecemos o Plano Verão (recebeu esse nome por que estávamos no verão?). Novo congelamento de preços e salários e nova moeda. Surgiu o cruzado novo, e mais três zeros caíram, 1000 cruzados corresponderam a 1 cruzado novo. Não preciso nem falar que não deu certo né!?
Inflação subindo e subindo, chegamos ao ano de 1990, aí surgiu o Plano Collor. Esse roubou reteve todo o dinheiro acima de 50 mil cruzados novos depositados na caderneta de poupança, com isso tirou dinheiro de circulação e conteve a inflação. Também mudou o nome da moeda, ela voltou a chamar cruzeiro. A inflação voltou a subir no mesmo ano e surgiu o plano B, ou melhor, o Plano Collor II. Esse plano congelou preços de apenas alguns produtos temporariamente, e claro, furou também e a inflação subiu ainda mais.
Em 1993 nossa moeda mudou novamente, perdeu mais três zeros e recebeu o nome de cruzeiro novo. Essa medida serviu apenas para diminuir o número de zeros em nossa moeda.
O Plano Real surgiu em 1994, foi criada a URV (unidade real de valor). A URV era usada como indexador para ajustar os preços e salários. Passou-se pela primeira vez a tentar equilibrar as contas públicas e diminuir a emissão de moeda. A moeda ganhou o nome atual, real, e em julho do mesmo ano extinguiu-se a URV e 2.750 cruzeiros novos passaram a valer 1 real.
Daí para frente à história já é mais conhecida. Perceba que o único plano que deu certo foi o que teve como política conter os gastos públicos. Em nossa vida pessoal a história não é diferente, só conseguimos o controle ao contermos os gastos, a gastar menos que ganhamos. Pense nisso.
Para não fechar o assunto
O endividamento do nosso país começa com a chegada da família imperial portuguesa no Brasil em 1808 e a criação do Banco Público, que depois virou Banco do Brasil. Antes disso não tínhamos moeda nacional, circulava-se moedas portuguesas, espanholas, inglesas e outras tantas, materiais preciosos também eram usados como moeda, em resumo, era uma zona.
Mas isso é assunto para outro artigo.