Os nossos burros doutores.
No Brasil estudar é atividade profissional. Infelizmente.
Não falo da graduação, mas de pós-graduações stricto sensu. O que tem levado estudantes a darem continuidade a seus estudos num mestrado e posterior doutorado não é o desejo ávido pela pesquisa, e sim o valor das bolsas pagas pelas agências de fomento que são mais atrativas que os salários iniciais pagos pelas organizações do segundo setor.
Nos EUA empresas e universidades caminham próximas. O profissional da indústria retorna a universidade para buscar a solução, através de pesquisas, de algum problema organizacional. Ele tem a experiência profissional e retorna ao banco dos estudantes para através de seu trabalho agregar valor a sua atividade profissional.
Aqui, em regra, não é isto que acontece. Os estudantes de mestrado e doutorado são alunos que nunca trabalharam na vida, são estudantes profissionais que terminam a graduação e emendam o mestrado e na sequência o doutorado. Muitos acabam se tornando docentes, teóricos com vasto conhecimento em uma área do conhecimento e totalmente ignorantes em todas as demais áreas. Se você pensar nas melhores aulas que teve na faculdade é bem provável que o docente tinha experiência prática no que ensinava. A distância entre a teoria ensinada no mundo acadêmico e a realidade encontrada no mercado de trabalho é abissal. Quase nenhum professor fala dos jogos políticos, do conflito de interesses pessoais e organizacionais, da falta de ética e assédio vivido, a puxada de tapete que não poucas vezes acontecem.
E as pesquisas realizadas para qualificar o estudante como mestre e doutor, para que servem? A quase totalidade para nada. São pesquisas realizadas para se ganhar títulos e não para gerar conhecimento útil e pragmático. Os trabalhos são elaborados com todo o rigor acadêmico exigido pelas normas da ABNT e validados pelos próprios pares. Pergunto: É justo?
Precisamos de pesquisadores com experiência de trabalho, de pessoas que vivem ou viveram a realidade organizacional na prática, que entenda a complexidade e profundida dos problemas organizacionais e realizem pesquisas na busca de soluções que realmente possam ser úteis, que agregam valor real as organizações. Agora, a grande maioria das dissertações e teses defendidas nas bancas universitárias são pesquisas com pouco ou mesmo nenhum valor pragmático, que não gerarão melhoria alguma. São apenas revisões bibliográficas.
Quantos prêmios Nobel o Brasil ganhou? Nenhum. E olha que não é pouca a grana destinada a pesquisa em nosso país. Todos os anos são formados milhares de mestres e doutores, mas de todas as pesquisas realizadas quantas efetivamente se tornam produtos ou serviços úteis a uma sociedade? Deixo a pergunta.
Para finalizar este raciocínio acredito que nós alunos somos os menos culpados, o sistema é falho. Nossa educação precisa rever velhos paradigmas e mudar em todos os aspectos: do ensino fundamental a pós-graduação.
Boa quinta-feira.