O investimento de longo prazo acabou?
Com a constante baixa do mercado de ações nos últimos anos uma discussão constante é se o investimento de longo prazo acabou.
A resposta é NÃO. O mercado é resiliente.
Empresas podem não ser e quebrar, mas o mercado como um todo é soberano e prospera.
Não há lógica alguma imaginar que as empresas e os países deixarão de prosperar, de inventar novas tecnologias e inovar as atuais. De aumentar à produtividade e efetividade. Isto irá acontecer simplesmente porque o mundo caminha para frente. É claro que há períodos de recessão ou estagnação, mas um axioma irrefutável é que o mundo evolui.
No longo prazo os retornos das ações são proporcionais ao desenvolvimento da empresa. Benjamim Graham afirmou que “no curto prazo, o mercado de ações é uma máquina de votação…[mas], no longo prazo, é uma máquina de ponderação”. O investidor de longo prazo deve dar menos atenção, ou mesmo nenhuma atenção, aos movimentos especulativos de curto prazo que derrubam o preço das ações. Ele deve aproveitar estes momentos para reforçar posições e comprar mais papeis de boas empresas.
Como escrevi acima, empresas podem quebrar, mas não o mercado. Como é impossível conhecer as empresas que irão quebrar, e assim somente compor a carteira com aquelas que serão vencedoras, o investimento em todo o índice é uma estratégia inteligente, afinal se o mercado é resiliente e, portanto vencedor, o índice que se adere a ele também é.
Não estou dizendo que não é possível vencer escolhendo as empresas certas em detrimento a todo o índice, apenas afirmo que é mais fácil investir em todo o índice, pois é possível comprá-lo e esquecê-lo. Diferente de empresas individuais que de tempos em tempos se faz necessário uma análise de sua saúde para verificar se os critérios de uma empresa resiliente ainda são intrínsecos a ela.
Quais são estes critérios é uma pergunta salutar nesse momento. A análise fundamentalista de papeis tem a resposta. E ela não falha? Não. Mas quem analisa os dados contábeis pode falhar ao interpretá-los equivocadamente. Ainda o conhecimento é disperso e não concentrado, sendo impossível considerar e ponderar todos os fatos e agentes envolvidos. A ação intervencionista do governo é uma ação impossível de considerar, por exemplo.
Se pensarmos ainda que os grandes players manipulam o mercado, pois ganham bilhões dessa maneira, tudo fica ainda mais imprevisível. O preço de mercado reflete as expectativas dos investidores e não a realidade dos ativos. Talvez um erro esteja na permissão para a alta direção das empresas possuírem ações da própria empresa que administram. Eles jogam o jogo e podem apostar nele. É algo semelhante a técnicos e jogadores de futebol poderem apostar no resultado da partida que estão jogando.
Por estes argumentos é que defendo o investimento passivo através de um índice de baixo custo.
O momento de investir em ações é agora, momento de baixa do mercado, pois como proferiu Warren Buffett “a volatilidade dos mercados é a maior aliada do verdadeiro investidor”.
O que fazer com seus investimentos?
Siga a estratégia.
Os títulos do Tesouro pré-fixados (LTN e NTN-B) apresentaram perda no último mês pela expectativa do mercado de uma elevação da Selic (o que não aconteceu). Mas o investidor de longo prazo não deveria dar atenção a isto, ele comprou um título e receberá exatamente o combinado no vencimento. A oscilação de preço é importante apenas a quem especula com estes títulos.
O investimento em ações, seja direto ou através de um fundo passivo, também não deve sofrer mudança, mantenha sua estratégia.
Já o investimento através de fundos ativos eu não recomendo. Além da grande possibilidade de eles apresentarem rentabilidade abaixo do mercado, os custos mitigam o lucro. O gestor também ganha na perda, pois as taxas são cobradas, independente do desempenho do fundo; ou seja, você perde duas vezes.
Ativos de proteção: dólar e câmbio. Continuo contrário a eles.
Fundos Imobiliários eu recomendo apenas para quem necessita de fluxo de caixa.
Em renda fixa ainda existem outros produtos oferecidos – CDB, LCI, LCA, Debêntures – mas costumam ser ativos compensadores apenas para quantias mais robustas de dinheiro, em geral a partir de R$ 50 mil.
A dobradinha ações através de um ETF mais Tesouro Direto é um investimento fácil de administrar e vencedor no longo prazo. Minha recomendação.
Como diz uma música do grupo Roupa Nova que gosto muito “…bom é bem simples, sem nos complicar…”
Boa semana!