Inflação e real desvalorizado é bom. Mas para quem?
A expansão monetária desvaloriza o real e isto agrada às grandes empresas exportadoras.
A expansão monetária gera inflação de preços, o que é não é ruim para os ricos, pois como os salários são corrigidos pela inflação eles acabam tendo um ganho relativo. Como a inflação é genérica e mais refletida no preço dos produtos básicos de consumo e nos serviços, produtos estes que representam uma fatia ínfima dos gastos dos mais abastados, e sendo os salários corrigidos pela inflação oficial, eles acabam tendo um ganho em seu poder de compra.
O que quero dizer é que o brasileiro que ganha R$ 1mil e o que ganha R$ 50 mil tem seus salários corrigidos anualmente pela inflação. Mas o cidadão que ganha mais sofreu uma menor desvalorização de seu poder de compra, pois seus gastos mais significativos não são aferidos pelo IPCA e muitas vezes apresentam até mesmo deflação.
A inflação é um imposto que é pago pelo mais pobre. Quanto menor seu salário mais você sentirá o efeito corrosivo da inflação.
A expansão monetária é um subsídio ao setor exportador.
Mas então quanto seria um bom valor do real frente ao dólar?
Esta pergunta não pode ser respondia sem outra pergunta. Bom para quem?
Para mim e para você quanto mais valorizado o real melhor. Se o dólar estivesse, por exemplo, cotado a R$ 0,67 iríamos adorar poder comprar produtos importados bem mais baratos.
Já para as empresas exportadoras seria a falência. Isto porque elas não são competitivas e dependem da intervenção do governo desvalorizando o real para sobreviverem.
O governo alega que o faz para não gerar falências e consequentemente demissões em massa. Mas se o governo utilizasse nossas reservas cambiais para investir em educação e infraestrutura, no médio prazo seriamos competitivos e não dependentes de um real desvalorizado.
O mainstream econômico defende que um superávit na balança comercial é positivo. Para mim não é algo nem positivo e nem negativo. Tem soma zero. Toda transação comercial só acontece quando ambas as partes acreditam estarem recebendo algo de maior valor do que aquilo que estão entregando. Como a valoração é pessoal, intransferível e marginal; em um livre mercado e sem haver coerção de nenhuma das partes toda negociação é ganha-ganha. Sendo assim não entendo como exportar pode ser melhor que importar.
Nas primeiras décadas do século XX nossa balança comercial era altamente superavitária e isto não nos fez um país rico.
Riqueza é criada com educação.
Não tem como crescer sem antes pavimentar a estrada em educação. A verdade é que erramos no passado e agora temos que pagar por este erro e acertar as contas geradas pelas políticas erradas tomadas, teremos que passar por uma crise onde empresas fecharão por não serem competitivas e milhões de pessoas perderão seus empregos. Sinceramente não vejo outro caminho, e quanto mais adiarmos este momento mais doloroso ele será.
Com esta política vigente os ricos permanecem ricos. Eles patrocinam campanhas políticas para garantirem que os eleitos mantenham tudo como está. Os eleitos, que também são ricos, também desejam que tudo continue como está, mas a eles cabe também iludir o povo e isto Maquiavel bem ensinou há exatos 5 séculos (capítulos 9 e 21 de O Príncipe). Os pobres recebem alguma assistência, mas continuam miseráveis e acreditando que ascenderam socialmente. E a classe média paga a conta até chegar ao ponto que apenas existam pobres e ricos, vassalos e reis.
Pense nisso!