E se não existissem os bancos?

E se não existissem os bancos?

O texto de hoje foi escrito por mim e publicado originalmente no blog Quero Ficar Rico em 06/09/2012.

Se você buscar conceitualmente a função de um banco irá encontrar que são instituições criadas para intermediar a transferência de dinheiro dos superavitários (poupadores) para os deficitários (emprestadores). E a grande maioria das pessoas acredita que realmente seja esta a função dos bancos.

É fato que todos nós temos uma preferência temporal pelas coisas. Preferimos consumir hoje ao invés de adiar este consumo para amanhã. Preferimos usufruir de um bem hoje a no futuro. E só adiaremos o consumo caso nos seja dado um prêmio por isto.

Vamos chamar este prêmio de juro. Portanto, o juro é o prêmio recebido por se postergar o consumo.

Mas quem paga este prêmio (juro)?

O consumidor que deseja antecipar seu consumo e está disposto a pagar mais por isto.

Se os bancos realmente cumprissem sua função conceitual, o valor dos juros praticados em nossa economia seria autorregulado. O valor do juro seria definido pela lei da oferta e da procura, pela sociedade e suas preferências temporais. O juro representaria a quantidade de poupança disponível.

Mas, como os bancos não trabalham simplesmente como agentes desta transferência e sim como definidores do prêmio pago e do juro praticado, ficando eles com a maior parte desta diferença, de forma alguma podemos falar em autorregulamentação ou em lei de oferta e procura.

Nosso sistema bancário é frágil, apesar de termos mais de uma centena de bancos, apenas 5 deles detém cerca 75% de todos os ativos.

Além disso, os bancos ainda são grandes geradores de inflação por multiplicarem dinheiro. Sim, bancos multiplicam dinheiro.

Só lembrando que uma das causas da inflação é o excesso de dinheiro em circulação.

Os bancos captam recursos por meio do depósito de clientes e emprestam estes recursos aos tomadores de crédito. O dinheiro é gasto e volta a ser depositado no banco, que volta a ser emprestado.

Mas este dinheiro é o mesmo que já foi emprestado anteriormente e desta forma o banco, com seu sistema multiplicador, “cria” dinheiro.

Se os bancos não existissem como intermediários, as pessoas poderiam negociar prêmio e juro de forma livre. Mas isto é proibido, e caso você o faça será preso por agiotagem, pois os bancos são os únicos agiotas legalizados.

Mas a taxa SELIC não baliza o juro praticado na economia?

Não. Ela apenas é referência para o prêmio concedido aos superavitários. O juro cobrado é balizado pela inadimplência, pela demanda, pelas preferências temporais das pessoas e ainda pela utilidade marginal.

Conclusão

Os bancos, além de gerarem inflação ao multiplicarem o dinheiro, faz o cliente pagar juro mais alto ao tomar dinheiro emprestado, pois não funcionam como simples intermediários, mas ganham, e muito, através do spread.

Acredito que a pergunta – que dá título ao texto – foi respondida ao longo dele. Pense como seria um sistema econômico sem os bancos, ou pelo menos com regras diferentes das atuais, com uma regulamentação que favorecesse as pessoas e não os próprios bancos.