É bom ser funcionário público?
Todo mundo adora criticar servidores públicos. São vagabundos, não trabalham ou trabalham pouco, ganham bem, têm estabilidade e outras regalias.
Já dos órgãos públicos falam que o atendimento é péssimo, moroso, existem níveis e mais níveis hierárquicos, ninguém resolve nada, há nepotismo e mais algumas coisas que não me lembro agora.
O que é verdade disso tudo?
Comecemos com a mais pura verdade. Todo mundo deseja ser funcionário público. Nunca ouvi ninguém falar que deseja se tornar servidor para mudar a situação atual, muito pelo contrário, desejam ser servidores públicos para aproveitar das vantagens. Aí está o primeiro problema, o cara já começa pensando errado, é um preguiçoso e acha que sendo servidor público fica mais fácil ser preguiçoso e parecer eficiente.
Agora vamos falar da estrutura dos órgãos públicos. Alguns são magníficos, têm até máquina de café expresso, móveis e computadores de primeira qualidade, quadros para decorar as paredes e mais um monte de objetos que deixam o ambiente mais agradável.
Mas esta é a realidade?
É claro que não. A grande maioria dos setores públicos tem falta de computadores, possuem móveis sucateados, cadeiras nada ergonômicas e ambientes insalubres. Fora a falta de pessoal.
É num ambiente assim que eu trabalho e querem que sejamos produtivos e eficazes.
Também não ganho tão bem quanto vocês pensam. Quem ganha bem são os políticos e algumas poucas classes de servidores. O restante ganha pouco ou razoável.
Outra reclamação que ouço bastante é que servidores públicos são pouco qualificados. Concordo. Em geral, a geração mais velha. Os novos são bem qualificados, até mesmo porque qualificação é exigência de muitos concursos.
Todo mundo fala que o atendimento é péssimo. Mas onde existe um bom atendimento? A melhora da qualidade no atendimento é uma necessidade das organizações brasileiras, sejam elas públicas ou privadas. No setor público, muitas vezes, o atendimento é realizado por estagiários pouco motivados e despreparados. O ideal seria um servidor ser o responsável por atender o cliente, mas, por falta de pessoal e por ser um serviço que ninguém gosta, afinal o “cliente” já vem com duas pedras na mão achando que o problema do Brasil é culpa do funcionário público, acaba sobrando para o coitado do estagiário.
E a lentidão dos processos. Isso não tem jeito. A lei é uma @#$%&* e &*%$#$ com tudo. Exigem-se carimbos e mais carimbos, há instancias e mais instancias. Fora os recursos sem fim. Aí fica tudo muito lento mesmo.
A hierarquia excessiva e o nepotismo é outra complicação. Os cargos de chefia são cargos de confiança e muitas vezes, quase sempre, o chefe é alguém com menos experiência e qualificação que seus liderados. Aí a confusão está armada.
Outro problema que acontece é a complacência com o erro. As críticas sempre são vistas como ruins. Muitos são imaturos e não querem aprender, como são estáveis no cargo reclamar é criar inimizades e não obter soluções. Outro problema é a falta de descontos no salário por faltas e atrasos, na teoria deveria acontecer, mas na prática raramente acontece. O servidor que não tem responsabilidade e respeito ao cliente (cidadão) chega atrasado, falta sem motivo e sabe que nada irá acontecer.
Ainda existe mais um problema. Ninguém quer largar o osso. O poder é maravilhoso. Quando alguém chega a um cargo de chefia ele não quer mais sair de lá, mesmo depois de 25 anos fazendo a mesma coisa e obtendo os mesmos resultados. E mais, quando um servidor novo, com toda energia, vontade e proatividade sugere melhorias, é obrigado a ouvir: É feito assim há mais de 20 anos, para que você vai querer mudar o que está dando certo?
Agora respondendo a pergunta proposta como título, eu digo que sim, é muito bom ser funcionário público. Não é tudo que a grande maioria das pessoas pensa, mas é bom. Os motivos? Diria que são dois: salário e estabilidade.
Para encerrar falo do lado ruim em ser servidor público. Em minha opinião e com a visão do local de minha locação eu digo que o ruim é: ambiente insalubre, móveis inadequados, computadores sucateados, falta de dinheiro, leis e portarias que travam o bom andamento do setor, chefes qualificados em áreas diferentes da que atuam e com pouca experiência prática, falta de uma política motivacional, servidores subaproveitados e alguns, não poucos, sem vontade alguma de ser efetivo.
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