Decisões éticas
Neste final de semana assisti ao filme Uma prova de amor.
O filme retrata a história de Anna, uma garota que foi concebida com um objetivo: salvar a irmã mais velha Kate.
Sara e Brian tem dois filhos, Kate e seu irmão Jesse. Aos dois anos de idade Kate é diagnosticada com leucemia e seus pais, aconselhados pelo médico, decidem ter outro filho, geneticamente modificado, para ser um doador de medula para Kate.
Assim nasce Anna.
Anna passa sua infância fazendo doações de material genético, além de se submeter a diversos exames doloridos, para prolongar a vida da irmã. Chega um momento que para sobreviver Kate precisa de um rim e Anna, única compatível e possível doadora, decide não doar seu rim para a irmã.
Anna procura um advogado e entra na justiça solicitando emancipação médica de seus pais, ou seja, solicita que ela, apesar de menor de idade, seja quem decida se deseja ou não doar seus órgãos para salvar a vida da irmã.
Assim se desenrola um belo drama recheado de emoções fortes. Paro aqui de contar o filme para você poder assistir e descobrir o final dele. O que quero discutir é até aonde é ético, até onde é justo, ter um filho com o objetivo de salvar outro filho?
O filme retrata uma mãe totalmente cega, totalmente fechada a enxergar a realidade e ir além da doença de sua filha. Ela é incapaz de perceber o clima de amor e cumplicidade existente entre seus três filhos. Ela é incapaz de perceber outras necessidades importantes deles, necessidades não tão latentes como o da filha com câncer, mas para eles, tão importante quanto.
Para chegar ao seu objetivo, salvar a filha, Sara não mede esforços, é injusta e, ao meu modo de ver, antiética em suas decisões.
Agora trazendo para o lado profissional não é raro dirigentes agirem assim. De forma incoerente e antiética para fazer aquilo que eles acreditam ser o certo, mesmo que todos estejam querendo mostrar que aquele não é o melhor caminho.
Muitas vezes não vemos a realidade, vemos apenas aquilo que acreditamos ser o certo, temos uma visão míope dos fatos, vendo-os de forma destorcida e tendenciosa. Tomamos decisões erradas achando que estamos fazendo a coisa certa.
Se você exerce um cargo de decisão tome cuidado para não cometer os mesmos erros. Ouça seus liderados. Se possível tenha um conselheiro mais experiente para lhe orientar em momentos difíceis. Seja humilde, aprenda a escutar, aprenda a voltar atrás quando perceber que o caminho onde se está não é o melhor. Também esteja aberto para seus liderados lhe procurarem e lhe questionarem. Isso não é fraqueza, isto é maturidade profissional. Isto é ser líder.