Até quando o governo continuará dando aos mais ricos?
Impressiona como o Brasil não aprende, como comete sempre os mesmos erros, como é reativo e só age quando o problema já está consolidado.
Ano passado com o objetivo de estimular o consumo e se evitar recessão econômica, carros e alguns eletrodomésticos foram isentos de IPI. É claro que tal isenção favoreceu o consumidor final que comprou com melhor preço, mas os grandes beneficiados foram às montadoras e as industriais que puderam vender mais e lucrar ainda mais.
Essa semana foi anunciado um suposto plano de estímulo à competitividade das empresas que desonera as indústrias do pagamento de diversos impostos. Tudo isto para aumentar a competividade ao exportar vista o dólar desvalorizado em comparação com o real. O real é moeda forte hoje.
A presidente Dilma usou em seu discurso a expressão concorrência desleal e guerra cambial ao anunciar o plano. Isto é balela, o problema não é este. Produtos produzidos aqui são exportados e vendidos mais baratos em outros países do que aqui. Os automóveis são um bom exemplo. Além dos impostos cobrados aqui serem altíssimos a indústria lucra demais, a lucratividade é sempre alta e quando elas aparentemente começam a enfrentar algum problema vem o governo e lança planos de estímulo a competitividade: palhaçada.
O que o Brasil precisa é de uma reforma tributária séria e não de planos que favoreçam apenas aos grandes. Como fica o pequeno? Cadê o incentivo para o empreendedor que tem um micro negócio? Os pequenos negócios fecham as portas por não conseguirem competir com as grandes empresas instaladas aqui no Brasil e o governo não faz nada. Agora quando a mesma coisa acontece, mas com as grandes empresas na concorrência com empresas estrangeiras, aí sim há isenção fiscal e diversas medidas para fazer a concorrência ser leal. Volto a afirmar: palhaçada.
O governo comprará de empresas nacionais mesmo pagando até 25% mais caro e terão preferência àquelas que geram mais empregos e investem em tecnologia. Exportadores de bens industrializados receberão novamente 3% dos impostos pagos. O Brasil abrirá mão de aproximadamente 25 bilhões de reais em impostos nos próximos dois anos. De acordo com o governo isto gerará emprego e ele voltará a arrecadar com a economia fortalecida. Será!?
Gente, o Brasil só gera emprego braçal, e emprego braçal não agrega valor. O Brasil tem uma carência de mão-de-obra especializada, falta profissionais de tecnologia, profissionais qualificados. O Brasil precisa aumentar sua competividade através da geração de cérebros-de-obra, de profissionais qualificados que desenvolvam tecnologia e sejam cobiçados pelo mercado empregador. Precisamos de uma educação forte, de um ensino de qualidade; que o dinheiro destinado à educação seja usado com sabedoria por aqueles que o administram. Eu fico triste em ver propagandas e mais propagandas do governo na TV anunciando que os investimentos em merenda escolar vêm subindo ano após ano. Meu deus do céu, escola é lugar de se educar e não de comer. O governo mantém o aluno dentro da escola pois fornece comida!? Tudo errado.
E São Paulo que ainda vai desonerar impostos do Corinthians para a construção de estádio. Quem disse que São Paulo precisa de mais um estádio de futebol? Parte dos problemas gregos hoje é por ter gastado em excesso para construir elefantes brancos para as olímpiadas de Atenas 2004. Pelo jeito não aprendemos com o erro deles e queremos errar também.
O dólar baixo é realidade, não vejo grandes possibilidades de fazê-lo subir nos próximos anos. O Brasil como país emergente atrai investidores, dólares chegam ao nosso país diariamente, e como bem sabemos, a lei da oferta e da procura faz o câmbio variar. Grandes entradas de dólares desvalorizam a moeda estrangeira valorizando a nacional. Ou a indústria brasileira aprende a ser competitiva e exportar com real valorizado ou fecha as portas. O governo tem lançado medidas e mais medias para conter a valorização do real e não tem obtido sucesso.
Volto a falar, precisamos de cérebros-de-obra, de profissionais que criam, que inovem e não que ofereçam mais do mesmo. Mais do mesmo vai ser comprado na China que tem mão-de-obra barata, para não dizer escrava, e, portanto, preço baixo.
O momento econômico brasileiro é bom, o governo precisa parar de lançar mão de medidas paliativas que favorecem apenas as grandes corporações e realizar uma reforma tributária séria. Precisa também fechar a torneira da corrupção, parar de gastar além da conta e ainda passar a usar o dinheiro destinado a educação de forma mais efetiva. Já as indústrias terão que produzir produtos exclusivos, algo que torne a concorrência irrelevante. Chega de exportamos commodities, precisamos exportar produtos com valor agregado e desenvolver tecnologia. Tecnologia inovadora, criativa, com designer arrojado é que faça o mundo inteiro dizer: eu quero isto que só o Brasil faz. Assim são os produtos da Apple.
Sabe, já estou cansado de ver nossos governantes cometerem os mesmos erros e darem as mesmas desculpas esfarrapadas. Nossos governantes governam pensando em serem reeleitos nas próximas eleições e não em fazer o melhor para o país. Às vezes, o remédio é amargo, mas tem que ser tomado. Quero saber quem será o político que terá hombridade para tal.
Boa quinta-feira!