Administração Ciêntífica
Os gestores habilidosos não nascem com um poder místico, a habilidade se encontra na capacidade de observar situações e projetar cenários de maneira a conceber ações apropriadas à situação.
Eles são observadores flexíveis que procuram não fazer julgamentos precipitados, mas sim ampliar a visão da situação que emerge. São cientes que um leque maior de ferramentas propicia mais formas de soluções de problemas.
Já os gestores menos eficazes costumam analisar a situação sobre um único prisma. Sendo sua única ferramenta um martelo todo problema tende a ser um prego.
Quando se lê situações organizacionais é comum relacioná-las a alguma teoria. Teorias são paradigmas da realidade. Análises eficazes levam em consideração abordagens distintas, e ao invés de se olhar um ponto fixo se rivaliza por diferentes delas.
Organizações são fenômenos complexos. Nossas ideias sobre elas são metáforas. É comum, por exemplo, enxergarmos a organização como uma máquina com objetivos predeterminados, onde a eficácia com a máxima eficiência é o que se espera. Esta é a visão mecanicista da organização. Seu mais famoso idealizador foi Frederick Taylor.
Máquinas são partes intercambiáveis e interdependentes, ajustadas de forma precisa com a finalidade específica de produzir determinado resultado. Máquinas são previsíveis, confiáveis e eficientes.
A metáfora mecânica é tão forte em nossa mente que é muito difícil pensar a organização de outra forma.
Organização máquina
Na maioria das organizações de hoje as pessoas devem agir como máquinas e serem cirurgicamente precisas. Devem chegar e sair em horários pré-determinados, vestir uma roupa específica, sorrir, cumprimentar e falar exatamente o que foi estabelecido. Devem ser previsíveis.
A Revolução Industrial (1760) transformou e burocratizou a forma de trabalho. Se antes as famílias eram artesãs autônomas com o surgimento das organizações elas passaram a serem engrenagens da organização exercendo atividades simples e rotineira. A divisão do trabalho idealizada pelo economista Adam Smith (1776) é uma realidade indiscutível hoje. Com a especialização se ganha em eficiência e produtividade.
Frederico, o Grande, da Prússia mecanizou o exército em 1740; Eli Whitney demonstrou como armas poderiam ser montadas a partir de partes intercambiáveis em 1801; Charles Babbage (1832) inventou a máquina de calcular e defendeu o enfoque científico organizacional; e o sociólogo alemão Marx Weber, este já no século XX, concluiu que formas burocráticas rotinizam processos administrativos assim como máquinas a produção.
Administração clássica
Na administração clássica, onde temos Henry Fayol como seu mais famoso pensador, percebesse claramente a intenção, através de cargos precisamente definidos e departamentos formalizados (produção, marketing, finanças, recursos humanos), a busca pela eficiência ao se estabelecer hierarquia e previsibilidade. Princípios de autoridade e responsabilidade estabelecem a fluidez necessária para o alcance dos objetivos da organização.
Hoje novas técnicas são vendidas como modernas (APO, SIG, BPM), mas não passam de modelos enviesados pela mesma metáfora mecanicista.
Administração cientifica
Frederick Taylor é o principalmente pensador da administração como ciência. Defendia o estudo dos tempos e movimentos para se chegar a melhor forma de trabalho. Estabeleceu 5 princípios e maquinizou o trabalhador:
gerente pensa e trabalhador executa; métodos científicos determinam a forma de trabalhar; seleção científica do trabalhador; treinamento leva a perfeição e fiscalização para que tudo seja feito da maneira que foi planejado.
Hoje a forma de trabalhar tida como taylorista é maciçamente usada na indústria automobilística, em restaurantes fast-food e até mesmo nos campos de futebol.
O trabalho em linhas de produção é alienante, além de provocar lesões por esforço repetitivo. Henry Ford foi um dos primeiros a adotar a linha de produção em sua montadora. A rotatividade dos trabalhadores foi absurda e só foi contida quando Ford aumentou significativamente os salários.
A essência da mecanização está em reduzir um procedimento complexo em pequenas atividades rotineiras que podem ser facilmente aprendidos e reproduzidos.
Limitações
É claro que essa metáfora mecanicista apresenta diversas limitações, como: a) dificuldade de se adaptar a novas situações; b) produz sistemas burocráticos burros; c) trabalhadores alienados; d) doenças por LER (lesão por esforço repetitivo) e e) talvez o mais grave de todos que é tentar desumanizar o homem, tentar retirar de nós o que nos torna humanos.
Boa semana!
Referência:
Imagens da Organização, Gareth Morgan. Capítulos 1 e 2.