A propósito da Rio+20 – existe coragem e poder para mudar?
Este artigo foi enviado para o Blog Efetividade por Guilherme da Luz, editor dos sites: Plano de Saúde e Empréstimos.
A sustentabilidade pode ser resumida em três pontos, que estão absolutamente interligados, o desenvolvimento social, o fortalecimento econômico e a proteção ambiental. Essas três faces da mesma moeda estão na base dos debates entre os governos de todos os países do mundo e será o principal objetivo da Rio+ 20, a Conferência da ONU que vai acontecer no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho próximo.
As reuniões mais amplas sobre sustentabilidade aconteceram em 1992, no Rio de Janeiro, e a próxima acontecerá exatamente 20 anos depois, com novas questões colocadas pela situação do século XXI. O que existe de mais concreto nos documentos até agora apresentados é uma recomendação para que os problemas ambientais do planeta não sejam examinados de forma isolada das questões sociais, como a pobreza, os conflitos e o isolamento, que permanecem e até aumentaram.
Representantes de governos, estudiosos e representantes da sociedade que fazem parte das ONGs analisam formas de promoção de maior crescimento econômico e mais igualdade social ao mesmo tempo em que se preserva o meio ambiente, o que significa um novo modo de governar e viver que seja mais sustentável.
Se há 20 anos atrás os problemas já exigiam decisões rápidas, hoje elas são urgentes e há estudos demonstrando que não é possível esperar mais vinte anos para adotar ações e soluções para a realidade de cada nação.
O maior desafio agora é como os custos da preservação ambiental, eliminação da pobreza e desemprego serão incluídos nos preços e na economia dos países. Hoje o PIB – Produto Interno Bruto – não reflete os custos ambientais e, portanto, não é ainda uma medida de crescimento sustentável. Isso quer dizer que se o crescimento foi feito com base na destruição dos recursos naturais, o PIB é uma medida ilusória do que está realmente acontecendo, que pode ser um crescimento insustentável ou temporário.
O PIB tem crescido de forma desigual entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento porque isso muitas vezes tem significado que existem estratégias desenvolvidas pelas empresas dos países mais ricos, de transferir os custos ambientais para os países mais pobres, realizando suas atividades destrutivas do meio ambiente nesses países, como a utilização de suas florestas, água e minérios, sem nenhum cuidado quanto à proteção e realizando somente as etapas finais nos países centrais.
Apesar do PIB mundial ter crescido nos últimos 10 anos, permanece a falta de acesso a saneamento básico e situações de miséria absoluta. Estoques de recursos como peixes, por exemplo, estão sobre-explorados, esgotados ou em processo de recuperação.
No entanto, a principal dificuldade para os objetivos da Rio+20 é o dinheiro. Os resultados exigem recursos e os países querem formas de financiamento para por em prática as iniciativas que levam ao desenvolvimento sustentável. Com a crise financeira, está difícil convencer os países ricos com um discurso verde, já que quando se fala de recursos para projetos existe uma forte resistência contrária. Portanto o discurso hoje passa de “verde” para “financeiro”. É preciso um orçamento para iniciativas tecnológicas que estejam à disposição dos países pobres e quando se fala em dinheiro ainda não existe a disposição de contribuir.
Apesar de se avançar no discurso, na prática ainda não se chegou a compreender realmente o significado da sustentabilidade, que levaria a melhores condições de vida para todos. A Rio+20 é uma reunião onde se espera efetividade e implementação e a expectativa é de que haja criatividade e coragem suficiente para ousar mudar.